A Dependência Química na Adolescência –
Dr José Geraldo Rabelo
Finalizamos o século XX atropelados pelas incompreensões a respeito da consciência de si mesmo. Nestas proporções iniciamos o século rumo ao terceiro milênio sobrecarregados de dúvidas, incerteza, medo do amanha, desesperança, preguiça patológica, diferenças gritantes entre ricos e pobres, aumento assustador de doenças psicoemocionais, são, talvez, as principais causas que levam os adolescentes a fugirem nas drogas e não se tornarem responsáveis pela própria vida.
Um dos agravantes observados nas duas últimas décadas é o grupo de meninas que buscam no álcool e nas outras drogas uma maneira de se igualar ao sexo masculino ou mesmo para competir de igual para igual. Por muito tempo a dependência química era considerada uma doença masculina. Aspectos culturais e sociais que propiciavam o acesso dos homens ao álcool e as drogas levaram a crer que eles são muito mais propensos a usar esses produtos. Por esse motivo, pouco se pesquisou a respeito da drogadicção feminina, e na prática, os programas e centros de tratamento raramente são voltados para o grupo de adolescentes do sexo feminino. No entanto, há sinais de que a predominância de estudos com voluntários homens tenda a diminuir, já que o uso de bebidas e substancias ilícitas se tornou socialmente mais aceitas tanto por adolescente quanto por mulheres adultas. Segundo pesquisas é na população feminina que o uso de bebidas e drogas tem aumentado.
De forma singular, elas podem ser particularmente vulneráveis ao uso de substancia que criam dependência e aos seus efeitos, pois os hormônios sexuais femininos afetam diretamente os circuitos de recompensa do cérebro, influenciando a resposta à droga.
Conhecidas como psicodélicas ou alucinógenas, como o LSD, a cocaína e crack – altera profundamente a percepção e a consciência dos estímulos internos e ambientais. Essas substancias podem estar em plantas, produtos de origem animal ou compostos sintéticos. Sua ação sobre o sistema nervoso central causa três efeitos principais: delírios, ilusão e alucinação.
O primeiro ocorre quando a pessoa percebe corretamente um estímulo (sonoro, visual ou táctil), mas interpreta erradamente, ou seja, tem uma percepção anormal dessa fonte. O individuo sob o efeito da droga ao ver duas pessoas conversando, julga que ambas o estão caluniando ou mesmo tramam sua morte – delírio persecutório. Na ilusão o individuo ouve – por exemplo – uma sirene e a interpreta como uma trombeta celeste. Já a alucinação é uma percepção sem estimulo algum (no exemplo, não há sirene tocando), mas usuário tem certeza de que a ouve. As alucinações podem ser sonoras, visuais e gustativas, entre outras.
À vezes a pessoa tem a alteração, isto é, ouve o som ou vê algo inexistente, mas sabe que essas percepções não são reais. Nesses casos, o fenômeno pode ser chamado de alucinose, diferindo daqueles em que o usuário acredita que a percepção é real (alucinação) – isto é, que ela existe mesmo.
Quando a mulher usa qualquer tipo de droga (incluindo o álcool) no inicio de seu ciclo, obtém mais prazer, por isso pode ser mais difícil enfrentar o desafio de deixar a droga.
Não podemos deixar de mencionar que vivemos num País, politicamente, ilusório ou enganador, ou seja, não vemos os governantes investirem na educação, nossa saúde publica vai de mala pior, a impunidade é exemplificada nos altos escalões do governo, nossa segurança é falida, o ociosidade na pré e adolescência impera com falta de limites e proibição do trabalho na infância e adolescência através de leis criadas por parlamentares analfabetos em termos “psicossociais” e visão de ser em toda sua integridade, ainda mais, o valor da vida vem se perdendo por todo esses fatores, portanto, viver ou morrer não faz muita diferença perante os adolescentes.
Para fugir ao distress (sofrimento), à correria do dia a dia, à falta de perspectiva para o amanha, dívidas financeiras, culpas pelos fracassos – assim vistos ainda na adolescência, pais imaturos e inseguros tentando criar filhos adultos, narcisismo secundário, ou seja, pais querendo satisfazer seu ego na cobrança do sucesso dos filhos e assim por diante, são desencadeadores de fugas no falso prazer que a droga proporciona.
Outros fatores que poderíamos incluir na fuga através do álcool e outras drogas são a depressão, síndrome do pânico, transtorno bipolar do humor aliados ao processo obsessivo – Hoje já aceito pelo OMS, onde há a influencia de energia de seres desencarnados levam menos vigilantes a percorrer um caminho de dor e sofrimento através da ilusão do álcool e das drogas ilícitas.
Muitas iniciam nas drogas ainda na tenra infância e, não vendo uma saída compensatória, se entregam deliberadamente até a morte, muitas vezes prematura. Em algum nível psíquico parece reconfortante nos deixarmos levar pela herança impregnada pelo pensamento cartesiano e cultivar a tendência de crer que as coisas são de um jeito ou de outro. E pronto. Mas não é bem assim. Num mundo tão múltiplo quanto se tornou o nosso – e considerando a extrema complexidade do funcionamento do cérebro e da mente – é impossível deixar de lado as nuances. Porém, ainda causa estranhamento cogitar a existência de um aspecto benéfico do uso do álcool e das drogas. Nos profissionais que lidamos diariamente com essas pessoas, muitas das vezes, nos perguntamos o que leva o ser humano a buscar tamanho sofrimento através da ingestão exagerada do álcool e a fazer uso de uma droga de duração curta – quanto aos efeitos imediatos, porém, de grande poder alucinatório, roubando-lhe toda lucidez e consciência d si mesmo e do mundo que o rodeia?
Fonte: Matéria extraída do Jornal Diário da Manhã: Goiânia, Quinta-feira, 08/12/2010, página 03
Autor: Dr José Geraldo Rabelo. Psicoterapeuta, psicólogo, filosofo, escritor e palestrante. Email: rabelojosegeraldo@yahoo.com.br